sábado, 29 de dezembro de 2007

Esqueça a minha Calói !

Bicicleta. Bicicleta. Bicicleta. Nunca vi tanta gente andando de bicicleta como a gente vê aqui no Japão. No Brasil, eu tinha que ir para o calçadão de Copacabana para ver alguém de bike, mas mesmo assim, nunca tinha visto ninguém de terno e gravata montado numa. Sim, porque aqui isso é a coisa mais comum de se ver. E olha que não é só marmanjo de terno e gravata não. Você vê mulher de salto alto e meia-calça e tudo! Todos de bicicleta. Até o policial faz ronda de bike!Difícil mesmo é ver alguém andando de bike com roupa de ginástica, um tênis maneiro, ouvindo um ipod e uma garrafinha de Gatorade!!
Aqui no Japão a bicicleta não é somente usada para lazer ou para manter a forma. Ela é um meio de transporte. As pessoas usam bicicleta para ir ao trabalho. As donas de casa usam para ir ao supermercado. Pais e mães utilizam a bike para buscar as crianças na creche etc. É muito comum também bicicletas com cadeirinhas acopladas para carregar as crianças. Tem umas que têm cadeirinha atrás e na frente.

Modelo com a cadeirinha na frente

Modelo com a cadeirinha atrás

Eu uso minha bicicleta ainda assim, como direi, como uma bicicleta mesmo. Mas confesso que em certos momentos que passo por aqui, me sinto como se estivesse pilotando "O" veículo. O próprio fato de existir "Estacionamento de Bicicletas" já me chamou a atenção. Shopping e supermercados dedicam espaços para os clientes estacionarem suas bikes.

Estacionamento de bicicletas (駐輪場)

Na foto debaixo, uma placa da entrada de um Game Center que mostra onde fica o estacionamento de bicicletas. A parte superior traz o nome do lugar (Top II) e a descrição "estacionamento de bicicletas" (駐輪場 = chuurinjoo) e "entrada" (入口= iriguchi). Na parte inferior a mensagem diz que "ao descer ou subir com a bicileta o cliente deve chamar o funcionário ou o guardinha".

Pior foi o dia em que fui colocar minha bike no estacionamento de um supermercado e, para minha surpresa, eu tinha que enfrentar fila! Para minha surpresa maior, enquanto estava na fila, recebi um bilhete que dizia que eu deveria apresentar aquele papelzinho para o fiscal do estacionamento, juntamente com o recibo de compras!! É mole!? Na hora de estacionar não é que o tal nipotiozinho fiscal do estacionamento estava lá? Entreguei minha bike a ele, que fez o favor de estacioná-la.
Mas não só dentro de shoppings e supermercados há estacionamentos para bicicletas. Há muitos outros perto das estações de trem, por exemplo. São lugares próprios para isso. Alguns são tão organizados, tão Muito Japão, que você se sente numa moto de verdade! Este da foto por exemplo, a placa informa que está cheio (満).

Acho interessante também ter nas ruas a marca para o caminho por onde as bicicletas devem andar. Até na faixa de pedestres há um espaço reservado para as bikes (じてんしゃ)! Embora, cá entre nós, tem muita gente que não usa.

Aliás na calçada, não tem coisa mais chata do que ouvir um trim-trim vindo de trás de algum nipobabaca querendo passar. Por que não vai pela rua? Por que não espera? Por que não enfia esse trim-trim... bom, são várias as perguntas que me passam pela mente naquele momento.

Há também os locais proibidos para parar a bicicileta. Isso mesmo! Não é porque é uma bicicletinha só que você pode deixá-la em qualquer lugar não. O aviso de Proibido Estacionar Bicicleta pode ser visto em vários lugares do Japão. Quando não há uma aviso no chão dizendo que ali é proibido, ficam uns tiozinhos com um colete - se sentindo OS guardas - só para não deixar parar em lugar impróprio e, se assim você o fizer, ganhará um bilhetinho dizendo que a sua bicicleta está encomodando os outros. É o que os japoneses chamam de 迷惑駐輪 (meiwaku chuurin) ou 放置自転車 (houchi jitensha). Um dia mesmo eu fui deixar minha bicicleta na frente do banco, onde eu iria só sacar dinheiro, e me aparece um velhinho com um colete que parecia estar aceso de tão chamativo que era. "Desculpe senhor mas aqui não é permitido estacionar. O banco possui estacionamento próprio para as bicicletas. Por favor, dirija-se a ele", disse ele. É mole?!

Ah! Mas nada vence o fato de eu ter passado por uma blitz de bicicleta!! Isso mesmo blitz! Estava eu pedalando, pedalando com a Calói, quando de repente, bem na frente, vejo um policial me pedindo para parar. Na hora eu pensei..."ah não! essa tem que ir pro meu blog!". Primeiro ele perguntou se eu entendia japonês. Pensei em bancar o gringo analfa, mas achei que era melhor dizer a verdade. Foi aí que ele se fez e aproveitou para me fazer um monte de perguntas. Me perguntou meu nome, onde eu morava, qto tempo estava no país etc etc... por último ele foi conferir o "documento" do veículo.

Não é que haja um documento como o de carro, mas quando eu comprei minha bicicleta, o vendedor disse que eu teria que pagar uma taxa para registrar meu nome como o dono da bicicleta. É o que eles chamam de 自転車防犯登録 (jitensha bouhan touroku), algo como "registro contra roubo de bicicleta".

Logo, na minha bike tem um adesivo (como este da foto) com um número que funciona como o comprovante de que a bike é minha mesmo.

E foi isso que o guardinha verificou. No walk-talk, ele leu número por número e assim que ele terminou, o guardinha do outro lado da linha acertou meu nome na mosca!! Lá estava eu, liberado da blitz! Mas e se eu quiser emprestar minha bike para um vizinho ir na esquina comprar umas cervejas e ele for pego pela blitz? E se eu viajar e deixar o meu irmão usar a minha bike e ele for pego pela blitz? Será que só o dono pode andar na bicicleta? Olha, se não fosse quase meia-noite, eu juro que teria feito essas perguntas ao guardinha. Fica para a próxima vez, porque aqui perto de casa, vira-e-mexe tem blitz.... de bicicleta!!! Bom, fiquemos então com a palavra de hoje em japonês. 自転車(jitensha). Em português, você já deve desconfiar, não é? Isso mesmo "bicicleta". Não confundir com "carro" que em japonês é 自動車(jidoosha).

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

É Natal... acho eu.

Dia 24. Este ano foi feriado aqui no Japão! "Pelo menos isso!", é o que poderiam pensar alguns gringos mais desligados com saudades de uma comemoração de Natal de verdade. Mas o feriado era por causa do aniversário do imperador (天皇誕生日), que este ano caiu no domingo e, foi transferido para segunda-feira (振替休日), coincidentemente, véspera de Natal.
Bom, pelo menos serviu para criar, mesmo que por um dia, aquele clima gostoso de Natal, com todos na rua, sem pensar no trabalho... (apesar de que eu trabalhei). Aqui no Japão o Natal é bem superficial. Não diria que não há, porque o comércio trata de lembrar que existe esta comemoração no ocidente. Mas que é diferente, isso ninguém pode negar. Não há aquele clima de Natal. Sabe qual é ?Aquele que paira no ar e que as pessoas sentem vontade de se cumprimentar, de dizer "Feliz Natal pra vc", de perdoar, de procurar os velhos amigos, de bebemorar, de ganhar e dar presentes, de fazer amigo-oculto... Isso aqui não tem. Ceia com a família? Esperar até dar meia-noite para trocar os presentes que estão bem debaixo da árvore de Natal? Que que isso que você tá falando?? Aqui não tem nada disso não. O ápice do Natal no Japão resume-se a um bolo. Isso mesmo: um bolo.
O nome é bem óbvio: "christmas cake", que em japonês vira クリスマスケーキ(kurisumasu keeki). Aqui ele é mais tradicional que as castanhas na mesa. Não pode faltar! Pode faltar pernil, chester, presunto com fio de ovos, farofa, arroz com passas, bacalhau etc, mas o tal do bolo não pode! Por isso, se quiser garantir o seu para colocá-lo centro da mesa no dia 24, já em outubro você deve pensar nisso. Isso porque algumas lojas já começam a aceitar encomendas nesta época do ano. Lojas de conveniência e supermercados distribuem panfletos com os tipos de bolos - que normalmente não varia muito - com os preços e as datas de entrega.
Aliás, os preços... nem nisso bate um espírito natalino. Os bolos, pra começo de conversa, são micros! Alguns parecem até amostra grátis de tão pequenos! E não vai pensando que como é pequenininho os preços são menores também. Enquanto o bolo não é partido, os comerciantes aproveitam a faca do bolo para meter no bolso dos consumidores, que coitados, a maioria nunca viu um bolo bolo mesmo e acha que aquilo é grande. Fala sério. Acho que se fosse para a minha família do Brasil eu teria que comprar um bolo inteiro para cada um! Mas, sem trocadilhos, o importante aqui não parece ser o tamanho. Basta que tenha um Papai Noel ou alguma plaquinha escrito "Merry Christmas" ou ainda alguns morangos afogados no mashmallow e tá tudo resolvido.
Na volta do trabalho, vi que algumas lojas costumam apostar nos esquecidinhos, aqueles que não lembraram de em outubro, em pleno Halloween, pensar no Natal. Lojas de bolos e supermercados montam bancadas extras com bolos de Natal. Passei por algumas, mas o tamanho dos bolos comparados aos preços era de desanimar. Como brasileiro, acostumado em pesquisar preços, busquei um mais em conta e consegui comprar um - come plaquinha de Merry Christmas e tudo! Já que a ceia eu não vou ter, pelo menos um bolinho - sem força de expressão como é usada no Brasil "vou fazer um bolinho lá em casa" - acho que seria legal para eu me sentir, digamos, mais inserido na cultura do país e respeitá-la.
Para você que sempre visita o Muito Japão ou que está aqui pela primeira vez ou mesmo para você que veio só uma vez e está voltando agora depois de meses sem acessar... não importa, para todos vocês, todos, eu desejo um FELIZ NATAL e um NATAL FELIZ! Em japonês, sinto muito, mas a saudação é emprestada do inglês, e fala-se メリークリスマス (merii kurisumasu).

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Operação Máscara !

Uma das coisas que mais me impressionou quando cheguei aqui no Japão, foi ver as pessoas usando máscaras cirúrgicas na rua! Isso mesmo! Aquela máscara que médicos, enfermeiras e dentistas usam. Aqui eles andam na rua com aquilo, na maior, como nós usamos óculos.
Lembro que li em um livro sobre o comportamento dos estrangeiros no Japão a seguinte frase: "Os gringos no Japão não entendem porquê os japoneses usam máscaras cirúrgicas mesmo quando não estão operando". No início parece meio estranho mesmo, mas confesso que já me acostumei. Quer dizer, bonito e per-fei-ta-men-te normal, eu não acho. Apenas aprendi a respeitar e acho que assimilei um pouco do verdadeiro intuito da máscara. Mas que é estranho é. Imagine uma mulher toda produzida, arrumada da cabeça aos pés, de meia-calça preta e sapato alto preto, unhas bem feitas e cabelo impecável mas... de máscara!! Fica algo mais ou menos assim como na propaganda de uma marca de máscara. Vejam que combinação perfeita!
Tem gente que prefere usar somente na rua. É comum a gente ver alguém que assim que pisa dentro do trem, tira de dentro da bolsa uma máscara e ali mesmo a coloca. Depois vai pegar um livro ou abrir o celular, mas primeiro, a máscara. Também já vi gente que ao chegar ao trabalho, tira a máscara e a guarda na bolsa. Mas há também os que não tiram de jeito nenhum. Nem dentro e nem fora. Quer coisa mais estranha do que se deparar com um colega seu, de repente, do seu lado com máscara de médico!? Coisa mais comum de se ver em uma empresa japonesa é gente de roupa comum e no trabalho, de máscara.
Pior é conversar com esse tipinho que insiste em não tirar a máscara. É como conversar com o homem-aranha. Você só vê o tecido na região da boca se mexer. Ah! Tem aquele tipo que gosta de bancar o dentista enquanto você ainda não abriu a boca. É o tipo que mantém a máscara presas nas orelhas, mas a máscara mesmo não cobre mais a boca e sim, o queixo. Putz! Fala sério!
Nessa época do ano - e em outras épocas mas problemáticas - é comum ver anúncios de máscaras nas propagandas dentro dos trens. São váááários! É quase impossível não ter pelo menos um anúncio de máscara. Cada uma vende seu peixe da melhor maneira. Mas o básico é sempre o mesmo. Não aperta o rosto, há espaço interno e bloqueia não sei quantos porcentos do vírus...
Há diversos modelos no mercado. Há desde os modelos vagabas até os mais afrescalhados. Veja alguns modelos:

"os óculos não embaçam"

Esse outro modelo para mulheres diz que é possível respirar tranquilamente devido ao espaço na região da boca proporcionado pela forma da máscara. Além disso, a propaganda diz que a usuária não precisa se preocupar com a marca de baton na máscara. Esse modelo mais unissex é recomendado para quem tem alergia a pólen (花粉), doença muito comum aqui no Japão e que faz essas máscaras vender horrores.

Há modelos para todos os gostos e bolsos. Acho que o Japão é o maior consumidor de máscaras do tipo no mundo. Aqui essas máscaras, que no Brasil você só usa se acompanhar sua mulher na hora do parto, vendem muito mesmo. Ainda mais agora que o Ministério da Saúde daqui está fazendo campanha para as pessoas usarem máscara para conter a propagação do vírus da influenza que segundo especialistas, chegou ao Japão dois meses mais cedo. O que quer dizer que o exército de médicos nas ruas deve aumentar ainda mais.
Mas aqui é mais do que comum. Ontem mesmo vi uma família inteira de cirurgiões! A cena! Papai, mamãe e filhinha. Todos de máscara!!
Eu fico impressionado é com as crianças. Elas usam normalmente como se fosse um simples chapéu! Algumas trazem guardadas na mochila do colégio e quando entrem no trem, elas a colocam. Uma criança não zoa a outra se uma delas estiver de máscara! Eu já presenciei! Elas nem apontam, riem...nada!
Claro que tem criança que reluta, mas não é difícil ver criança com máscara cirúrgica! Tem vários modelos para feitos especialmente para a garotada brincar de médico quando quiserem!!

... e a melhor de todas!

Bom, fico por aqui, por hoje. No lugar da palavra do dia em japonês, fiquem com este desenho que veio muito a calhar com o tema do post que escolhi para hoje.
" Quando ele e ela ficam gripados ao mesmo tempo, a combinação dos dois com máscaras e óculos é sinistra"

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Em japonês, ele se chama "yakisobapan". É isso mesmo. Não precisa pensar muito. É um "pão" mesmo com "yakisoba" dentro. Aquele macarrão que no Brasil tem em qualquer restaurante japonês por mais furreco que seja, aqui vende também como recheio de pão! Não precisa torcer o nariz. Quem me conhece, sabe o chato-de-galocha que sou para comer. Mas esse pão com yakizoba é uma delícia. Se você compra em uma loja de conveniência, você pode até pedir para esquentar e comê-lo quentinho na hora! Hummmm...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Versão Japão

Fui em uma palestra outro dia, muito, muito interessante. O palestrante era japonês. Os convidados também. De brasileiro, só eu! Apesar disso, o tema da palestra era a música brasileira. Segundo o organizador, a intenção era apresentar aos japoneses, - em japonês claro -, que o Brasil não é só samba e bossa-nova. Muito boa a palestra. Para começar, ele mostrou em um telão o mapa mundi. Depois, o Brasil e, a partir daí, a cada região que ele mostrava, ele explicava as principais caraterísticas e os ritmos típicos daquela região. Em seguida, vinham os clipes das músicas. Tudo em japonês, para japonês ver. Entre outras coisas, o mais interessante foi o mapa mundi que ele mostrou. O mapa era versão japonesa. Sim! O mapa mundi dos japoneses é diferente do nosso! Confesso que nos dois primeiros segundos, me perguntei que mapa era aquele. Mas no fundo, eu sabia que me era familiar. Depois a ficha caiu por completo. Era o mapa-mundi visto pelos olhos nipônicos. Eu já estava careca de saber que o mapa é diferente, mas confesso que fiquei admirado. Lembro que uma vez comprei um e levei para o Brasil e preguei na parede do meu quarto. O comentário era quase sempre o mesmo: "Não tá estranho esse mapa?" ou "Esse mapa tá certo?" ou ainda "Ih! Maneiro, o mapa tá ao contrário!". O que? Você nunca viu o mapa daqui? Então confira:
CINCO
QUATRO
TRÊS
DOIS
UM
お待たせしました!
世界地図!日本語版!
ご覧ください…