terça-feira, 26 de junho de 2007

Com Sandra (Bullock) no trem

Imaginem o seguinte diálogo dentro do trem entre um japonês sentado e outro em pé na frente dele. Japonês A: “Você já viu aquele filme Miss Simpatia 2, com a Sandra Bullock?” E o japonês B responde: “Mais ou menos. Não vi tudo ainda” O japonês A, claro, não entendeu nada e perguntou: “Como assim não viu tudo? Ah! Já sei. Você dormiu na metade do filme, não é isso?” E o japonês B explica:“Não é nada disso. É que esse foi justamente o filme que eu aluguei ontem e estou vendo agora no trem!” O diálogo é puramente, 100% fictício. Imaginação minha. Mas que ontem, dentro do trem, tinha um japonês tranquilão, sentado do meu lado assistindo ao filme Miss Simpatia 2 em um DVD player portátil, isso sim é a mais pura verdade. Eu juro! O cara nem olhava a estação e não estava nem aí para quem estava do lado dele ou se estavam olhando para ele ou não. Sentado, com o DVD player (semelhante ao da foto) no colo e olhar fixo na tela com um fone de ouvido. Só faltou mesmo a pipoquinha... Confesso que fiquei surpreso por se tratar de um DVD player, pois nunca tinha visto um no trem. Mas quem mora aqui no Japão sabe que é até comum, ou melhor, mais comum do que se imagina, ver alguém dentro do trem com laptop aberto e digitando na maior tranquilidade do mundo. Já vi até gente an-dan-do na plataforma, carregando o laptop aberto e olhando para a tela. Tive até que seguir o cara. Não é que ele parou onde ele queria e começou a digitar em plena plataforma do trem?! Muito Japão!...só digo isso.

terça-feira, 19 de junho de 2007

MMJ - Máquina Muito Japão

Este é um perfeito exemplo de uma coisa que a gente bate o olho e imediatamente, na hora, a gente pensa: "Muito Japão!" Para quem não captou ainda, explico: segundo os dizeres na porte frontal – está escrito 自動靴みがき–, trata-se de uma máquina automática para engraxar sapato!! Isso mesmo. Não sei como funciona e nem o porquê das flores na vitrine – para ser sincero achei bem cafona –, mas imagino que seja como um lava-jato sem água. O esquema deve ser colocar os pés no buraco e ficar esperando as escovas entrarem em ação. Para engraxar os dois pés paga-se apenas ¥100. Apesar das flores – sentiram que eu não gostei mesmo né – a máquina automática para engraxar sapatos não deixa de ter um toque de modernidade. Mas parece que não é comum ainda por aqui, pois eu só vi essa até hoje, e ainda assim mesmo de passagem por uma estação onde tive que trocar de linha às pressas. Sim, estava com pressa, mas não poderia deixar de registrar um objeto desses tão Muito Japão!

domingo, 17 de junho de 2007

A nova Pepsi Argh!

Foi lançada no dia 12 de junho aqui no Japão a nova Pepsi Ice Cucumber! Mas quem não entende a palavra “cucumber”, que aparece no moderno e meio futurístico rótulo do refrigerante, pode não ter o mesmo impacto de quem sabe o significado. Não é tutti-fruti. Não é framboesa. Não é cereja. Não é nada disso. Uma pista: talvez seja a última coisa que você imaginaria para um refrigerante!!...e quando você descobrir o que é, você dirá “argh!”. Resposta: Acredite se quiser, mas em bom português, “cucumber” quer dizer “pe-pi-no”! Sim, é duro de crer, mas o que foi lançado no dia 12 aqui no Japão foi a nova Pepsi Pepino!!!!!

sábado, 16 de junho de 2007

Yes! Nós temos (bolsa para) banana!

Eu bem que poderia ter passado desapercebido pela bolsa (foto), se ela estivesse talvez em uma seção de roupas e acessórios para meninas, de uma C&A da vida, por exemplo. Mas não! Além de ela estar à venda em um supermercado, a bolsinha em forma de banana encontrava-se na seção de artigos para lazer “outdoor”. A primeira coisa que imaginei era que a bolsinha, não fosse extamente uma bolsinha, mas sim um porta-garrafa. Claro! Ideal para levar para a praia ou para um pique-nique. Mas uma coisa não estava muito coerente, digamos... Qual garrafa entraria naquela bolsinha curvada?! Achei muito estranho, mas quando parei para ler o que estava escrito na embalagem, foi difícil acreditar... O produto em questão não era apenas uma simples bolsinha “cute” em forma de banana. Pasmem! Tratava-se de uma bolsa, única e exclusivamente planejada, costurada e manufaturada com o único próposito de carregar, transportar, acomodar... uma banana!!! Eu disse UMA banana!! O texto da embalagem era claro: 携帯バナナケース(Estojo portátil para banana) 遠足やランチ等手軽に待ち運べる(Prático para levar para excursões, almoço etc) Bom, ao menos a parte do passeio, eu passei perto...

domingo, 10 de junho de 2007

Choveu de repente? Use o celular!

Aqui no Japão a gente se acostuma com certos serviços que só nos damos conta de o quanto é avançado quando alguém – normalmente do Brasil – se admira. Por exemplo: os ônibus aqui têm horário para passar. Os horários estão em uma tabela que fica em cada ponto de ônibus. Não estou falando em ônibus rodoviário não. São ônibus comuns mesmo! Trens e metrôs seguem o mesmo exemplo.
Por isso, se a gente tem um compromisso a tantas horas em tal estação, mas ainda temos que procurar o local ou não queremos chegar em cima da hora, é comum usarmos a internet ou mesmo o celular para saber qual trem devemos tomar para chegarmos, por exemplo, 10 minutos antes na estação.
O programa nos mostra o tempo de viagem, a hora em que o trem vai passar pelas estações do percurso e quanto vai custar (para quem não sabe, ônibus, trens e metrôs não têm preço único. O preço varia conforme o destino).
Tem também um outro, mas acho que esse já deve ser banal, mas eu gosto muito. Basta você preencher o endereço do lugar de onde você quer ir, e ele reproduz o mapa do local, inclusive com as estações de trens mais próximas.
Enfim, são vários os serviços oferecidos por este tipo de programa. A concorrência entre as empresas está cada vez mais acirrada. Há vários programas deste tipo, disponíveis em japonês e em inglês.
Mas...dia desses eu vi um que era Muito Japão. Estava eu no trem tranquilo, quando me deparei com a seguinte mensagem na propaganda: Se chover de repente, tudo bem. Você procura uma rota por onde você não se molhe. Que!??!!?
É isso mesmo que você está pensando! Além do programa mostrar o mapa do local de onde você quer chegar, ele te dá uma rota só de lugares co-ber-tos para você seguir caminho sem se molhar !!!! O serviço está disponível desde o dia 23 de maio pela NaviTime. Eles já tinham um diferencial que era escolher três velocidades de caminhada para calcular o tempo de chegada ao destino, caso o percurso fosse feito a pé. E agora eles me vêm com essa!! No quadro abaixo é possível ver as opções. Na extrema direita seria o caminho normal. Mas se estiver chovendo e você estiver sem guarda-chuva e não quer se molhar, ele mostra a opção do meio!!!
Ah! Tem mais! Não é piada não, mas além da rota com cobertura(屋根が多いルート), eles ainda oferecem uma rota com pouca escada(階段が少ないルート)。É mole ou quer mais?!

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Estacionamento (de bicicleta)

Bicicleta aqui no Japão não é só coisa para criança ou para quem quer se exercitar. Aliás é possível ver desde homem de terno e gravata até mulher de saia e meia-calça montados numa bicicleta, na maior. Durante um tempo fiquei sem, mas sempre que tinha que caminhar da estação até a minha casa, me batia uma inveja de quem passava por mim pedalando. Até que um dia me deu na telha e ao sair para comprar um pão, no caminho, acabei comprando uma bike.
Estacionar a bicicleta é outra novela. Tem lugar que pode parar e tem lugar que não pode, correndo até risco de ter a bicicleta rebocada por fiscais. Mas há estacionamento para bicicletas e é justamente o estacionamento que eu uso todos os dias que me inspirou a escrever este post de hoje.
Muito Japão! Só digo isso. O sistema é o seguinte: você chega com a sua bicicleta, sobe uma rampa que leva até o estacionamento. Lá há mais de 200 vagas. Em cada vaga há um dispositivo onde você, ao empurrar a bicicleta até a extremidade, automaticamente, uma tranca prende a roda da frente. Uma vez presa, não adianta puxar para trás que a bicicleta não vai sair.
“Primeiro mundo”, pensei. Para liberar a bike, basta ver o número da vaga, digitar na máquina o mesmo número e depositar o valor referente ao número de horas que a bicicleta ficou lá. Não é caro nem barato, mas ao menos a bicicleta não fica em lugar ilegal e não corre o risco de ser levada. “Nossa primeiro mundo”, eu sempre pensava até que… um diabinho chegou no meu ouvido e disse: “quem te falou que a bicicleta está segura?” Eu achava que tinha a resposta na ponta da língua: “ué? A bicicleta fica em um estacionamento fechado, eu tranco ela com o dispositivo, têm guardinhas olhando e tudo … e não é seguro?” Mas o diabinho insistiu:
- Quantas vagas você disse que tinha? - Umas 200 , sei lá. - Muito bem. E quantos guardinhas? - Uns 2 ou 3. - Muito bem. Para entrar no estacionamento paga? - Não. - Tem que se identificar? Falar com um dos guardinhas? - Não. - Como era mesmo que você disse que tinha que fazer para liberar a bike? - Digitar o número da vaga e pagar o preço correspondente. - Tem que digitar algum código que só você saiba? -Não. - Tem que por o dedo para leitura de impressão digital? - Não. Aí o diabinho arrematou: - E quem te garante que depois que você deixa a bike lá, não vem nenhum espertinho, e dentre as 200 bikes, ele não escolhe a sua, vê o número da vaga, deposita o dinheiro e não vai embora?? Isto é, se não passou mais de 6 horas, porque até 6 horas, o estacionamento é gratuito e se ele chegou 5 horas depois que você deu esse mole, a bicicleta sairá de graça para ele.
Fiquei estupefato. Foi aí que lembrei que moro nesse país com uma densidade demográfica de muitos habitantes honestos por quilômetro quadrado. Apesar de ser fácil fácil levar uma bicicleta, no final do dia, quando volto do trabalho, apesar de ter um guarda (há dias que não vejo nenhum), minha bike está sempre lá, junto com outras 20, 30…intactas.

domingo, 3 de junho de 2007

Eu?Robô?

Os robôs já invadiram o Japão. É essa a impressão que temos quando passamos por certas situações que só quem passa pode entender bem o que estou falando. Os robôs são certos tipos de japoneses que não conseguem pensar, considerar, cogitar que nem todas as situações são previsíveis. Falando em português claro, são os japoneses que nunca ouviram na vida a expressão “lidar com a situação”. Eles só sabem fazer “aquilo”. Se você pergunta ou tenta fazer “aquilo outro”. Ferrou. Desconserta tudo.
Não estou falando em descumprimento de regras, em chegar atrasado, em fazer bagunça em local impróprio. Eu condeno tudo isso. O que estou falando é de “pensar” e “agir” conforme a situação. Em suma, estou falando em “jogo de cintura”. Vale lembrar que “jogo de cintura” não é sinônimo do famoso “jeitinho brasileiro”. Muitos estrangeiros confundem os dois. Para mim, o tal do jeitinho brasileiro não passa de um jeito para burlar alguma regra, de mansinho, na encolha...
Infelizmente, o japonês-robô é um tipo muito comum por aqui. Claro que não são todos assim, mas é bem simples descobrir. Os mais fáceis de se identificar estão disfarçados de balconistas, atendentes e afins. Mas há muitos deles infiltrados nas contabilidades, administrações e recursos humanos de algumas empresas.
Eles parecem ter recebido um chip com informações sobre o que fazer e o que falar na hora exata. Saindo do script, os robôs entram em curto-circuito! Exemplo (prova!) é o que não falta. Dia desses fui com uma colega brasileira a uma cafeteria, onde uma vez paga a xícara de café, pode-se repetir o café quantas vezes quiser. Ela havia chegado primeiro e estava com a xícara vazia. Eu comprei um café e me sentei ao lado dela. Logo atrás de mim veio a moça para servir mais café. Eu não consegui ver os botões de liga ou desliga, mas a atitude dela condenou que ela era mais uma espécie robótica.
Ela perguntou a minha colega se ela queria repetir. Minha colega aceitou. Ela serviu e pronto. Eu tinha acabado de sair do balcão de atendimento, cheguei na mesa fazia quatro ou cinco segundos na frente dela e nem tinha tocado na minha xícara de café mas... não é que ela me perguntou se eu aceitava mais café !?!?! Eu, sem reação, fiz apenas que não e a moça se foi. Eu não acreditei. Aquela moça que estava no balcão já queria que eu repetisse??? Eu fui educado e minha colega foi perversa. “Você deveria ter dito que queria!” Terminamos os dois caindo na gargalhada. Claro. Só com este exemplo simples posso parecer o fresco, o chato, o implicante. Mas quem mora aqui muito tempo, acho que entende bem o que estou falando. Mas se você pretende vir ao Japão ou é recém-chegado(a), não se preocupe. Com o tempo, situações como estas vão se tornando cada vez mais engraçadas. Posso enumerar tantas e tantas outras...mas vou terminar com exemplos que eu julgo serem “clássicos”.
Ex.1 - O ship recebido pela recepcionista da clínica pediátrica continha a seguinte informação:“dê uma bola de encher a toda criança que passar por aqui”. Minha filha, com meses (!) de idade, no colo da mãe, recebeu uma bola!!!!
Ex.2 - O ship recebido pela atentende da cafeteria continha a seguinte informação:“Pergunte sempre se o cliente vai consumir na loja ou levar para casa”. O cliente, por sinal estrangeiro também, que estava na minha frente, estava com um saco de pó de café. “Foi chegar a vez dele para a mocinha disparar: O senhor vai consumir na loja ou levar para casa?”Tarimbado, o gringo foi perfeito. Sem emitir uma só palavra, apenas levantou o saco do pó de café e a mostrou.
Se....ops....Quando eu passar por outra situação destas, eu conto mais.