Morar no Japão é conviver dia a dia com a idéia de que a qualquer momento um grande terremoto (地震)pode acontecer e que, para isso, devemos estar sempre preparados!! Tudo bem, eu reconheço que já falei isso mil vezes aqui no blog, mas aqui no Japão, essa coisa de preparação, terremoto, catástrofe, treinamento, mantimento, área de refúgio, abalo etc são coisas que fazem parte do dia-a-dia de quem vive aqui. Mas mesmo assim, ainda me chama a atenção, estar tranquilo na fila do caixa do supermercado e, sem nada mais para fazer, olhar como quem não quer nada para as revistas que estão ali, na boca do caixa...
... e, em meio a revistas de fofocas, receitas, notícias semanais, guias de turismo, passatempos etc, me deparar com um exemplar dessa natureza:
"Manual de Segurança para Pais e Filhos em Caso de Terremoto".
Diga-se de passagem, foi o mesmo lugar onde um dia, eu vi um livro com mapas de como voltar para casa à pé, sem contar com meios de transportes, em caso de uma catástrofe! Para quem não viu, é só clicar aqui. A palavra de hoje em japonês é o que pode ajudar e muito em caso de terremoto ou qualquer outra catástrofe: 情報 (joohoo), em português "informação".
Um comentário:
Interessante pensar que, enquanto os japoneses não conseguem lidar com casos de extrema violência feitas pelo homem (como os dois casos das facadas nas ruas) estão mais do que aptos para lidar com catástrofes naturais (que não estão sob seu poder, diferente do cidadão). A mãe natureza, em ambos os casos surge, só que de duas formas diferentes: dentro e fora do ser humano. Seria, então, uma escolha do japonês optar pela natureza de fora, pois ela é mais fácil e "previsível"? (digo previsível porque, afinal, espera-se um grande terremoto mas não se esperavam dois esfaqueadores andando pelas ruas de Tokyo). A tradição milenar da contemplação do Zen ensina que observa-se o que está fora para enxergar o que está dentro. Será que depois da Segunda Guerra e da Ocupação Americana nos anos 1950, o Japão decidiu (por causa de um sentimento de culpa) não olhar para dentro de si mesmo e cortar então o elo com o de fora, apenas se focando neste?
Desculpe-me por levantar essas questões, mas gostaria muito de uma opinião sua sobre o assunto, já que vive no Japão há algum tempo e enxerga a sociedade japonesa de fora (como é possível notar pelo seu blog).
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