sábado, 31 de maio de 2008

Cadê os seguranças do banco?

Hoje, depois de muito tempo, tive que ir ao banco para resolver umas coisas. Sempre que vou ao banco aqui no Japão, eu reparo alguma novidade, algo diferente do banco no Brasil. Lembro que uma das primeiras coisas que me impressionou foi ver que até no banco, quando eles notam que um cliente entrou, os funcionários gritam いらっしゃいませ!(Bem-vindo!). Como se não bastasse isso, o funcionário que notar que algum cliente está saindo, grita ありがとうございました!(Muito Obrigado!). Mas como aqui no Japão, eles fazem isso até em posto de gasolina (!), não fico tão admirado quanto antes. Lembro também que outro dia, eu vi na parede do banco, uma tabela, como se fosse uma espécie de gráfico que comparava o fluxo de clientes a cada hora. No final, uma mensagem pedia que as pessoas evitassem ir ao banco em horários de maior movimento. No Brasil, eu lembro bem que tinha uma campanha para se usar os caixas eletrônicos e não ficar na fila dos caixas, mas não me lembro de ter visto nenhum gráfico desse tipo, comparativo. Será que tinha e eu não sabia? Achei a idéia muito interessante. Mas tbm, Muito Japão!
Mas desta última que eu fui ao banco reparei numa diferença enorme e que só me dei conta hoje! Aqui, além de os bancos não terem aquela bendita porta giratória que praticamente obriga a algumas pessoas a se despirem, também não tem os seguranças com controle remoto!!Bom, eu explico. Já fui em mais de um banco aqui no Japão e, em nenhum deles, eu vi homens fazendo a segurança na porta ou dentro da instituição. Onde já se viu isso? Banco não ter segurança? Bom, mas tem um porém! Não sei se vocês vão concordar comigo, mas quando eu falo "segurança de banco", estou me referindo àqueles "armários", negros ou mulatos, com botas de exército, uniforme em tons de caque, cordas pelos braços e cintura e a arma de ferro, opaca, sem brilho e bem visível na cintura. OK, nem precisa ser negro ou mulato e nem ter 2m de altura, mas que aparente um cara saudável e pronto para o perigo!! Concordam? Mas por aqui a história é outra. Segurança, segurança mesmo, acho que nem posso dizer que tem igual. O que tem aqui são guardinhas. Aliás, nipotiozinhos guardinhas. Tem vezes até que são vovôs vestidos de farda! Isso mesmo! É cada um! Cada um que se não estivesse de uniforme, passaria fácil, fácil por um velhinho que foi buscar a aposentadoria ou aquele tipo que joga xadrez na pracinha. Fala sério!
Mas reparei que isso não é só no banco não. Tem um monte de lugares aqui com esses vovôs- sentinelas! É impressionante! É museu. É exposição. É edifício comercial. É evento. Tudo. Tudo bem que a população japonesa é uma das que mais envelhece no mundo, mas daí a botar os velhinhos para trabalhar de guarda de segurança!? O estacionamento onde eu guardo minha bicicleta é assim. Só tem nipotiozinho vestido de guarda! Para vigiar mais de 400 bicicletas!
De repente, eu nem poderia estar chamando esses vovôs de guardinhas. Talvez o termo ideal para eles seja mesmo "vigia" - do verbo vigiar mesmo, ainda assim mesmo vigiar de perto, porque de longe eles não devem enxergar muito bem. Não estou zuando dos velhinhos não, mas sinceramente, sempre que vejo um senhor bancando o segurança, eu fico na dúvida se, por exemplo, ele precisar mobilizar um elemento ou mesmo correr atrás de um cara, será que o vovô vai dar conta?!
Sem brincadeira, esse do banco hoje tinha até o cabelo tingido de preto - gritante! - e estava com um uniforme "lindo", em tons de verde piscina, e com o cinto da calça quase enforcando ele. A única coisa que eu o vi fazendo foi dizer "bem-vindo" e "muito obrigado". Só. Ah, minto. Ele fez algo bem mais dinâmico, que foi dar um formulário para uma senhora preencher. Sim! Eu prestei atenção nesse detalhe: ele é o segurança, mas mostra aos clientes qual formulário eles devem preencher e ele indica qual fila o cliente deve aguardar! É mole? Ah!! Lembrei de outra! Vejam a pinta do guardinha que estava fazendo o patrulhamento na estação de trem! Tive que tirar essa foto com o meu celular. Fala sério! Isso é policial onde?!
Detalhe para a placa!! Sim, o cara está parado, naquela posição de "meu filho saia já da chuva que você vai pegar um resfriado" e segurando aquela placa com normas do tipo, não pode comercializar coisas, fazer performances etc e tal. Mas me digam se aquilo bota moral em alguma coisa! O cara está mais para "Compre Ouro!" do que para policial, né não? Bom, depois dessa, fiquemos com a palavra em japonês de hoje. A palavra é aquela mesma ao lado do playmobil: 警備員 (keibiin). Em português pode ser o guarda, o segurança, o vigia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Morei no Japão por dez anos e a única vez que vi um revólver por lá foi uma semana depois do atentado terrorista "11 de setembro" no aeroporto de Nagoya...mas também foi a única vez, nas outras vezes que fui, ao mesmo aeroporto, não vi mais; pois nem policiais de rua usam armas de fogo na cintura.
Mas não é só isso que eu queria dizer....uma vez eu vi um caixa eletrônico (ATM corner) ser reabastecido e o nipotiozinho keibiin estava somente com um cacetete nas mãos.
Isso foi Muito Japão mesmo!!!!

Thiago3T disse...

Os japoneses são os mais paranóicos em relação a segurança.... e locais que normalmente seriam alvos, são vigiados desse jeito. É, no mínimo, antagônico.

(tá certo que lá a taxa de violência é baixa... mas mesmo assim)

Anônimo disse...

Acho que uma das melhores coisas daqui do Japão é exatamente o fato de que não é necessário nada muito mais ostensivo que esses tiozinhos aí.

Uma vez, conheci um brasileiro metido a malandro que achava que isso eram "falhas". Não são. "Falha" é a existência de gente que acha bonito ser desonesto. "Falha" é precisar de esquemas mirabolantes para se prevenir contra uma horda de gente malandra.

Ou seja, ter um velhinho desarmado de vigia num banco - e isso ser mais do que o suficiente - não é exatamente uma falha. Falha é ter montes de seguranças armados e protegidos, esquemas e mais esquemas, daqueles que você vê ao longe e já pensa "tomara que eu não precise tirar o cinto", e ainda assim conviver com mais roubos do que no país dos nipotiozinhos.

A propósito, sempre visito este blog. É muito divertido ver sob um outro ângulo coisas que também já me fizeram dar muita risada (estou aqui há 3 anos).