terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Carrasco da Paz

Muitos turistas não sabem e só descobrem na hora, mas aqui no Japão, antes de entrar no provador de roupas é preciso tirar os sapatos.
Para muita gente, o fato de ter que tirar os sapatos na hora de experimentar uma roupa é desanimador. Há lugares até que nem precisa tirar. Nesse caso, a lojista avisa: そのままどうぞ (sono mama doozo), algo como "Pode entrar assim mesmo". Mas na maior parte das vezes, devemos tirar os sapatos antes de entrar na cabine. O detalhe é que o funcionário da loja, quase sempre, se preocupa em virar os sapatos para facilitar calcá-los na saída. Muito legal isso. Mas para as mulheres, só tirar os sapatos não basta! Para muitas brasileiras que vão provar uma roupa aqui no Japão, outro fator desanimador é o que os japoneses chamam de "face cover". O "face cover" é um saco descartável para ser usado "na cara" para não sujar a roupa com maquiagem.

Olha isso! Olha a que o sujeito é submetido por querer experimentar uma roupa!

Os "face covers" ficam normalmente em uma caixinha colocada dentro do provador. Pode estar pendurada ou simplesmente colocadas no chão.
A idéia até que é boa e, eu diria, justa. Imagino que deve ser descorfortável vestir uma roupa e descobrir que a peça está com uma marca de batom. Imagino também que deve ser uma sensação horrível saber que foi você que sujou a roupa. Mas... ...depois que uma colega me contou que a lojista a obrigou a usar o tal capuz, mesmo ela estando sem maquiagem nenhuma, achei um pouco demais.
Tudo bem que é raro encontrar uma japonesa na rua sem pelo menos uma base no rosto. Mas essa minha colega, brasileira, estava com a cara lavada e, segundo ela, mesmo ela dizendo "no make up", pelo menos cinco vezes, a mulher não arredou. O que ela fez? Ela simplesmente fez o que outras colegas já me confessaram fazer quando estão sem maquiagem. Elas entram, experimentam a roupa, vestem a roupa que estavam e, antes de sairem da cabine, elas pegam um capuz e amassam. Pronto. O que os olhos não vêem, o coração (do vendedor) não sente.
Eu não condeno ter de usar o uniforme de carrasco da paz como forma de proteger a roupa, mas essa falta de discernimento que muitos japoneses têm é que tira qualquer gringo mais desavisado do sério. É mais um exemplo dos japoneses robôs que estão camuflados aos montes por aqui. Não entendeu? Então é porque você não leu o post "Eu?Robô?". Confira aqui. A palavra de hoje pode ser, "provador". Em japonês, 試着室 (shichakushitsu) ou ainda フィッティングルーム (fittingu ruumu).

2 comentários:

Gisele Scantlebury disse...

Eu sou uma das que confessei ter apenas amassado o tal capuz. Também tentei explicar que não uso maquiagem, mas não adianta. Elas devem pensar que nós não podemos ser tão bonitas ser maquiagem nenhuma (risos!!!). Essa falta de flexibilidade é mesmo irritante, mas até com isso a gente se acostuma. :p

Raquel disse...

A primeira vez que fui no provador a vendedora veio me entregar o tal capuz e eu não entendi nada. Peguei, entrei no provador, saí e devolvi, e sem amassar. Depois que um amigo (será que foi você???) foi me explicar do que se tratava.