Os robôs já invadiram o Japão. É essa a impressão que temos quando passamos por certas situações que só quem passa pode entender bem o que estou falando. Os robôs são certos tipos de japoneses que não conseguem pensar, considerar, cogitar que nem todas as situações são previsíveis. Falando em português claro, são os japoneses que nunca ouviram na vida a expressão “lidar com a situação”. Eles só sabem fazer “aquilo”. Se você pergunta ou tenta fazer “aquilo outro”. Ferrou. Desconserta tudo.
Não estou falando em descumprimento de regras, em chegar atrasado, em fazer bagunça em local impróprio. Eu condeno tudo isso. O que estou falando é de “pensar” e “agir” conforme a situação. Em suma, estou falando em “jogo de cintura”. Vale lembrar que “jogo de cintura” não é sinônimo do famoso “jeitinho brasileiro”. Muitos estrangeiros confundem os dois. Para mim, o tal do jeitinho brasileiro não passa de um jeito para burlar alguma regra, de mansinho, na encolha...
Infelizmente, o japonês-robô é um tipo muito comum por aqui. Claro que não são todos assim, mas é bem simples descobrir. Os mais fáceis de se identificar estão disfarçados de balconistas, atendentes e afins. Mas há muitos deles infiltrados nas contabilidades, administrações e recursos humanos de algumas empresas.
Eles parecem ter recebido um chip com informações sobre o que fazer e o que falar na hora exata. Saindo do script, os robôs entram em curto-circuito!
Exemplo (prova!) é o que não falta. Dia desses fui com uma colega brasileira a uma cafeteria, onde uma vez paga a xícara de café, pode-se repetir o café quantas vezes quiser. Ela havia chegado primeiro e estava com a xícara vazia. Eu comprei um café e me sentei ao lado dela. Logo atrás de mim veio a moça para servir mais café. Eu não consegui ver os botões de liga ou desliga, mas a atitude dela condenou que ela era mais uma espécie robótica.
Ela perguntou a minha colega se ela queria repetir. Minha colega aceitou. Ela serviu e pronto. Eu tinha acabado de sair do balcão de atendimento, cheguei na mesa fazia quatro ou cinco segundos na frente dela e nem tinha tocado na minha xícara de café mas... não é que ela me perguntou se eu aceitava mais café !?!?! Eu, sem reação, fiz apenas que não e a moça se foi. Eu não acreditei. Aquela moça que estava no balcão já queria que eu repetisse??? Eu fui educado e minha colega foi perversa. “Você deveria ter dito que queria!” Terminamos os dois caindo na gargalhada.
Claro. Só com este exemplo simples posso parecer o fresco, o chato, o implicante. Mas quem mora aqui muito tempo, acho que entende bem o que estou falando. Mas se você pretende vir ao Japão ou é recém-chegado(a), não se preocupe. Com o tempo, situações como estas vão se tornando cada vez mais engraçadas. Posso enumerar tantas e tantas outras...mas vou terminar com exemplos que eu julgo serem “clássicos”.
Ex.1 - O ship recebido pela recepcionista da clínica pediátrica continha a seguinte informação:“dê uma bola de encher a toda criança que passar por aqui”. Minha filha, com meses (!) de idade, no colo da mãe, recebeu uma bola!!!!
Ex.2 - O ship recebido pela atentende da cafeteria continha a seguinte informação:“Pergunte sempre se o cliente vai consumir na loja ou levar para casa”. O cliente, por sinal estrangeiro também, que estava na minha frente, estava com um saco de pó de café. “Foi chegar a vez dele para a mocinha disparar: O senhor vai consumir na loja ou levar para casa?”Tarimbado, o gringo foi perfeito. Sem emitir uma só palavra, apenas levantou o saco do pó de café e a mostrou.
Se....ops....Quando eu passar por outra situação destas, eu conto mais.