quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Essa eu pago pra "ler"!

Toda vez que eu vejo algum japonês, tranquilão, na dele, lendo uma revista em uma livraria ou em uma loja de conveniência, eu lembro da época em que eu morava no Brasil e o jornaleiro, nem deixava a gente cogitar a possibilidade de ter a intenção de tocar na revista. Era só o tempo de pegar na revista e abrir a primeira página que lá vinha o tiozinho. Os mais educados perguntavam: “procurando alguma revista?”、com aquele ar de falsidade. Já os mais rabugentos eram também os mais sinceros: “vai levar ou não?” Sei que agora tem no Brasil aquelas livrarias com espaço dedicado à leitura, com poltrona e tudo para os leitores mão-de-vaca. Aqui também tem. Mas o que mais me chama a atenção é a frequência, a tranquilidade e muitas vezes, a cara-de-pau do povo que fica horas lendo revistas ou livros, de pé, nas lojas.
A prática é conhecida em japonês como “tachiyomi” (立ち読み). A primeira parte da palavra, tachi (立ち) vem do verbo “tatsu” (立つ) que significa “ficar de pé, levantar”. A segunda parte, “yomi” (読み), deriva de outro verbo, “yomu” (読む), “ler”. A definição do dicionário é melhor ainda. Veja:
Mas tem uns caras que nem disfarçam. Entram na loja e já vão logo para a parte onde ficam as revistas, escolhem uma e ficam em pé lendo, na maior. Aí vem o segundo e faz o mesmo e se posiciona do lado do primeiro. O terceiro chega e, sem a menor criatividade, pega uma revista e se coloca de pé, bem ao lado do segundo. Vem o quarto, o quinto ... até chegar ao ponto de você, que pretende pagar para levar uma revista, não tem como chegar perto da prateleira para ver as revistas. Fica aquela grande muralha de leitores. Até dá para pedir licença, mas tem uns que parecem estar tão compenetrados na leitura, que se você disser que quer pegar uma revista, é bem capaz de ele te dizer: “Pera! Só esse último parágrafo!”.

O pior é que isso não acontece só em loja de conveniência, não. É livraria grande, livraria pequena, sebo etc. Aliás eu fui uma vez em um sebo e lembro que na parte de mangá – revista em quadrinhos japonesa – tinha uma fila de meninos, um do lado do outro, quase encostados, com um mangá na mão e virados de frente para a prateleira. Eram bem uns 10 garotos enfileirados, calados, quietos, lendo... Era “a” cena! Só não tirei foto porque achei que ia ser difícil convencer meus leitores de que a foto era realmente em um sebo e não em uma biblioteca, como poderia transparecer !!

Mas como diz o provérbio, “Em Roma, como os romanos”, é bem capaz de eu um dia ser pego de pé em uma livraria com uma revista na mão. Não nego que também faço isso as vezes. Adoro passar o olho nos livros, nas revistas... Mas confesso que me sinto mal quando começo a ler o texto. Não sei se é educação minha ou tudo não passa de um trauma de infância. É eu começar a ler o texto que já ouço uma voz dizendo: “vai levar ou não, não, não?!...levar ou não, não, não...”.

Muito bem, a palavra de hoje fica sendo então "livraria". Em japonês claro: 本屋(hon ya). Não confunda com a palavra 図書館(toshokan), que é "biblioteca".

domingo, 23 de setembro de 2007

Em prol dos preguiçosos

A partir do primeiro dia do mês de outubro, o correio do Japão será privatizado. E como toda privatização, há quem espere pela melhoria dos serviços e aquele que não vê com bons olhos nenhuma privatização. Mas mesmo antes de se privatizar, o correio daqui oferece serviços do tipo.. como direi... "Muito Japão"! Além da facilidade de você despachar cartas e encomendas através das lojas de conveniências, descobri o cúmulo da comodidade. O tiozinho do correio veio até a minha casa. Até aí tudo bem. Achei que ele estava entregando alguma encomenda ou carta registrada.
Olha o tiozinho aí na foto!
Mas para o meu deslumbre e surpresa, descobri que ele apenas havia atendido ao chamado da minha esposa para vir buscar a caixa que fizemos para mandar para o Brasil. Repare que ele trouxe até a balança! Na porta mesmo ele pesa. Na porta mesmo a gente paga e pronto! Não precisamos carregar nada até o correio.
Tudo bem que essa mordomia, aqui no Japão é até comum. Há inúmeras companhias particulares que prestam este serviço, chamado em japonês de 集荷(shuuka). Mas o que me chamou mais a atenção foi o correio, ainda um serviço público, fazer este tipo de coisa. Imagine você ligar para o correio do Brasil e pedir para um tiozinho vir na sua casa buscar uma caixa que você quer despachar... (será que já tem este serviço? ou ainda é utopia?)
Ah, detalhe: a ligação para o pedido deste serviço é gratuita. E, pasmem, o serviço, também!! Bem, fiquemos então com a palavra de hoje, "correio". Em japonês, 郵便局 (yuubinkyoku).

sábado, 22 de setembro de 2007

Etiqueta: como comer cup noodles

A revista L25 publicou recentemente uma matéria inusitada, mas muito interessante e, é claro, advinha, Muito Japão! A reportagem dá dicas de etiqueta para as mulheres conquistarem a simpatia dos homens comendo cup noodle (o macarrão instantâneo em copo). Fazer ou não barulho na hora de comer. Como a mulher deve prender o cabelo na hora de comer um cup noodle. E como ela deve tomar o caldinho que sobra são alguns dos assuntos tratados na pesquisa. Cerca de 100 homens responderam a uma enquete que revelou a melhor forma de uma mulher comer cup noodle. O resultado você confere agora: Etiqueta 1 – Na hora de comer cup noodle o cabelo deve estar preso bem em cima para deixar ver a nuca! Esta foi a opinião de 57% dos homens. Enquanto isso, 29% acha mais elegante passar o cabelo por detrás das orelhas e segurá-lo com uma das mãos. Outra posição bem votada foi a de jogar o cabelo todo para um lado só e inclinar levemente o pescoço para comer o macarrão.
Etiqueta 2 – Não é proibido fazer barulho ao comer o macarrão, desde de que não fique vulgar e aparente estar saboreando a comida! Sim, aqui no Japão, fazer barulho ao comer macarrão não é pecado nem falta de educação. Na pesquisa, quando foi perguntado se mulher também deve fazer barulho ao comer macarrão, 55% dos homens acham indiferente. Não disseram nem que sim nem que não. E pasmem! Apenas 19% votou em “não pode fazer barulho” contra 26% que disse que “sim, pode fazer barulho”.
Etiqueta 3 – Na hora de beber o caldinho, a mulher deve segurar o recipiente com as duas mãos e jamais deve beber tudo de uma só vez! A pergunta era: “qual maneira que você acha mais graciosa de uma mulher tomar o caldinho que fica no copo?” Pegar o copo com as duas mãos foi a resposta de 76% dos homens. A segunda posição mais votade foi beber o líquido normalmente, mas isso depois de ter misturado com os pauzinhos ou com garfos os ingredientes que sobraram. A menos votade, com 3%, foi “segurar o copo com uma das mãos e com a outra na cintura e beber tudo de uma só vez”(foto).
Etiqueta 4 – A mulher deve ter um copo só dela para comer macarrão instantâneo sempre no mesmo e comprar cup noodle em refil. A etiqueta não é lá tão interessante, mas a dica é ótima. Foi lançado em janeiro, se eu não me engano, um cup noodle diferente, que vem com um copo de plástico e refil (詰め替え用=tsumekaeyoo). Depois de comer, basta lavar o copo e guardar.
Mas a novidade não pára por aí! Os japoneses adoram coisas originais, dessas que você faz e ninguém mais no mundo pode ter um igual. Pois é, como se não bastasse a idéia mirabolante (e ecológica tbm, vai!) de ter seu próprio cup noodle, a Nissin tem no site oficial da empresa, uma seção especial onde o usuário pode fazer a própria estampa do copo!! Há também fotos de modelos que já foram feitos. Vale a pena dar uma olhada!
Para a palavra de hoje eu escolhi a palavra “etiqueta”. Em japonês, 作法(sahoo) .

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Terremoto

Aqui no Japão, não precisamos esperar para ver o Fantástico, Globo Repórter ou Discovery Channel para saber sobre os terremotos. Muita gente se assustou com a reportagem transmitida no Brasil sobre o terremoto que atingiria a região de Hamamatsu, onde existe grande concentração de brasileiros. Para quem não viu, clique aqui. Talvez para quem está longe ou mesmo para quem já vivenciou um terremoto daqueles, falar ou pensar sobre terremoto deve dar medo realmente. Mas o que impressionava muito, mas que agora já me acostumei, é o fato de o terremoto ser sempre esperado.
Treinamentos periódicos, conhecidos como 防災訓練 (boosai kunren), são feitos em empresas, escolas e até no corpo de bombeiro. Mais impressionante ainda é ver como o fato de estar preparado para o dia "D" faz parte do dia-a-dia no Japão. Achei curioso quando li uma matéria no jornal de bairro aqui de casa que falava sobre terremoto. As primeiras frases eram de assustar. “Terremoto. Pode acontecer a qualquer hora. Prepare-se!” Tudo bem que temos que nos preparar sim. Já aprendi que temos que estar sempre alerta, mantermos um kit de sobrevivência perto da porta, dinheiro e documentos sempre juntos etc. Mas confesso que para um jornalzinho de bairro, esperava ver uma matéria sobre aumento da população de cachorros ou sei lá, os benefícios do chá verde. Nessa hora, lembrei que eu tinha que comprar leite. Tranquilo, sem estresse, fechei o jornal e fui ao supermercado. Nem parecia que eu tinha acabado de receber uma intimação para me preparar para o terremoto que, de repente, me impediria de comprar meu leite! De chinelos, caminhando, fui até o supermercado. Peguei o leite e, enquanto aguardava minha vez na fila do caixa, fiquei olhando para as revistas (foto).
Foi quando avistei ESTE livro!!
“Ah não! De novo?!”, pensei. Sim, é um livro sobre...terremoto!! Mais do que isso! Tratava-se de um dos livros mais vendidos daqui desde que foi lançado. O sucesso foi tanto que já há várias versões, um para cada província.
O livro contém mapas e referências que ajudam a caminhar longas distâncias sem utilizar nenhum meio de transporte.

Mas para que alguém ira querer isso?! Simples. No caso de uma pane nos trens e ônibus, os mapas ajudariam o cidadão a voltar da empresa para casa caminhando!! Mesmo quem leva cerca de 40 ou 50 minutos de trem, pode (e deve!) aprender a voltar para casa a pé !!!

Muito bem, não pergunte minha opinião sobre o livro, porque eu já vou xingando Deus e o mundo nos 20 minutos que faço todos os dias da estação de trem até a minha empresa. De qualquer modo, a matéria do jornalzinho de bairro e o livro de terremoto no supermercado no mesmo lugar da Marie Claire serviram para dar uma idéia de como o terremoto faz parte da vida no Japão. A palavra de hoje é , claro, “terremoto”. Em japonês: 地震(jishin).

sábado, 15 de setembro de 2007

VOTE em mim !

Des-cul-pe a-tra-pa-lhar a lei-tu-ra dos se-nho-res, mas eu es-tou a-qui pa-ra di-zer que...
...fiz minha inscrição no concurso internacional de blogs organizado pela emissora alemã Deutsche Welle. O "The BOBs - Best of the Blogs" . O concurso que vai eleger o melhor blog do mundo permite a participação de blogs produzidos em um dos idiomas oficiais do evento: alemão, árabe, chinês, espanhol, francês, inglês, holandês,persa (farsi), português e russo.
Entre 1º e 22 de outubro, o júri escolherá dez nomeados em cada uma delas e o público poderá então votar nos melhores de 23 de outubro a 14 de novembro (Prêmio dos Usuários). O resultado final será apresentado em 15 de novembro, quando o júri divulgará os ganhadores (Prêmio do Júri) numa cerimônia aberta ao público no Museu da Comunicação de Berlim. Quem levar o prêmio na categoria Melhor Weblog ganha um laptop da Toshiba no valor de 3 mil euros.
E então?! O que está esperando para votar no Muito Japão?! para votar é muito fácil:
2. No canto esquerdo, em "Weblog Search", basta completar com a palavra "Japão" no primeiro campo e, no segundo campo, escolher a opção "Portuguese".
3. O Muito Japão estará na lista. Clique em "Detailes".
4. Pronto. Agora é só marcar as opções na parte inferior da tela e clicar na palavra "enviar".
5. Ah! E não esqueça de torcer! Desde já, eu agradeço!

Bus Stop High Tech

Eu já tinha ido várias vezes ao bairro de Azabu, em Tóquio, mas confesso que nunca tinha me dado conta dos pontos de ônibus de lá. "Muito Japão", só digo isso. O design um pouco diferente do convencional já denuncia que alguma coisa ele "faz". Resolvi chegar perto para conferir.
Coisas inacreditáveis para um ponto de ônibus comum. Isso mesmo! Vale a pena reforçar que não estou falando de ônibus especial, ônibus de viagem ou mesmo microônibus. Estou falando de ponto de ônibus comum, do povão mesmo!
A diferença principal dos pontos de ônibus daqui é que não precisa fazer sinal para o ônibus parar no ponto. Ele para de qualquer maneira se tiver alguém no ponto. Ele pára, abre a porta e se ninguém entrar, se vai! Só de pensar que no Brasil, muitas vezes só as pessoas praticamente se colocam na frente do ônibus para ele parar porque só o braço esticado e a sacudidela da mão não bastavam mais...
Enfim... mas esse ponto de Azabu. Pelo amor de Buda!
Neste ponto de ônibus passam ônibus para três direções diferentes. O número no painel digital, em vermelho, indica quantos minutos o ônibus levará até o ponto final. Reparem que ao lado, há três ônibus em tamnhos diferentes: pequeno, médio e grande. Estes três ônibus representam os três pontos de ônibus anteriores. É minha gente, é difícil de acreditar, mas a seta laranja indica em que distância o ônibus se encontra. No primeiro caso, o ônibus que vai para a Estação de Shibuya (渋谷駅行), se encontra no ponto anterior e já está a caminho. Uma voz!!! Isso mesmo... uma voz anuncia: まもなくバスが参ります。お待ちください (mamonaku basu ga mairimasu. omachikudasai), que em bom português ficaria assim: "O ônibus chegará dentro de mais alguns instantes. Por favor aguardem".
Quando não há mais ônibus, o número digital se apaga e uma mensagem, também em vermelho, informa que as atividades foram encerradas. É possível consultar ainda o horário certo que os ônibus passam. Uma tabela no ponto, mostra em detalhes, os horários diferenciados por dias de semana, sabádos e feriados. vale lembrar que essa tal tabela de horários há em todos os pontos de ônibus, mesmo os menos high tech. Ah! Mas neste ponto de Azabu, um código de barra especial permite que a tabela de horários seja vista no celular! Basta ativar a leitura de código de barras do celular para baixar a tabela e poder consultar, antes mesmo de sair do trabalho e calcular a hora para chegar no ponto de ônibus. Fala sério! Bom, por hoje, fico por aqui. A palavra de hoje é "ponto de ônibus". Em japonês, バス停 (basutei).

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Sem bater cabeça

Ninguém precisa fazer judô ou ver filme do Akira Kurosawa para saber que no Japão até hoje, a tradição de fazer reverência, ou seja, curvar-se perante o outro, perdura. O ato, chamado em japonês de お辞儀 (ojigi) serve tanto para agradecer como para cumprimentar ou ainda para expressar pedidos de desculpas. Também serve para concordar, pedir licença e uma infinidade de sentimentos que nós brasileiros usaríamos as mãos para apertar, os lábios para beijar, os braços para abraçar e para algumas pessoas as sobrancelhas para um simples “opa!”
O que nem todas as pessoas devem saber é que existe até grau certo para se curvar conforme a intensidade do agradecimento, das desculpas e tudo mais. Empresas de recursos humanos dedicam horas de treinamentos para que seus funcionários se curvem no grau certo.
Também existem diversas formas e situações para se fazer reverência. Nas salas de aula, é comum os alunos cumprimentarem o professor com reverência. Eles fazem o mesmo para agradecer pela aula dada.
Em cerimônias religiosas, escolares e etc. Interessante notar que tanto quem entrega o diploma quanto que o recebe, ambos, fazem reverência.
Sem entrar em explicações didáticas, o mais Muito Japão desta história toda é ver como a reverência faz parte do dia-a-dia de quem vive no Japão. Fiquei impressionado dia desses quando fui ao banco e, na seção de atendimento ao cliente, havia quatro mesas com quarto atendentes. A cada cliente que chegava próximo à mesa, a funcionária, que normalmente está sentada, se levantava e se curvava perante o cliente. O cliente se sentava e ela se sentava depois. O mesmo era válido na saída. A funcionária agradecia e, enquanto o cliente estava se organizando para sair, a funcionária já estava de pé novamente. O cliente se despede e a funcionária se curva. Detalhe: ali ela fica curvada até que o cliente se afaste do local. É lindo de se ver! Assim também fazem no elevador. Se algum japonês te acompanha até o elevador, quando você entra, ele se abaixa e lá fica até que a porta se feche por completo.
Até o frentista do posto de gasolina!!! Acreditem, até eles se curvam quando o carro vai embora!! O caixa do supermercado se curva dizendo "Muito Obrigado" ao cliente. Como na maioria das vezes eles estão de pé, é comum eles levarem as mãos próximas ao peito para então baixar a cabeça, como mostra a foto abaixo.
Na televisão também é o máximo ver. O tradicional “Boa Noite” (ou Boa Tarde ou Bom Dia) dos telejornais daqui do Japão são acompanhados de uma reverência.
Assim também começam e terminam muitos programas da televisão japonesa. Digo "muitos" porque alguns deles terminam mesmo com um "tchau" bem ao estilo náufrago numa ilha deserta quando avista um avião.
Agora o cúmulo do máximo são as placas e avisos eletrônicos que trazem um bonequinho fazendo reverência! Normalmente são placas com mensagens de desculpas. No caixa eletrônico, por exemplo, um casal aparece se curvando quando há erro na transação. No orelhão, quando a ligação termina e o fone é colocado no gancho, o desenho de uma mocinha simpática aparece na tela e ela se curva para agradecer. Muito Japão! Veja alguns destes avisos!
Este primeiro é do telefone público e informa que o aparelho está com defeito (故障中=koshoochuu).
"Desculpem o transtorno. Neste aparelho nem moedas nem cartões podem ser usados. Por favor use outro aparelho"
Este segundo aviso explica que a máquina não venderá cigarros durante um tempo. "Desculpe a inconveniência ..."
O terceiro aviso, eu encontrei em um restaurante especializado em sushi onde os pratinhos, normalmente com dois sushis circulam pelo restaurante por um esteira. São os chamados 回転寿司=kaitenzushi). A placa diz que o cliente não pode levar para casa os sushis que estão na esteira. Caso queira levar sushis, segundo o aviso, há um balcão próximo ao caixa onde há sushis prontos para o cliente levar.
Este outro é também para desculpar pelo defeito. Desta vez, a máquina é de café e estava em um restaurante. "Esta máquina está com defeito. Desculpe-nos pelo enorme transtorno, mas estamos trabalhando para consertá-la o mais rápido possível. Pedimos que aguardem. Café gelado e sucos podem ser consumidos normalmente. A Gerência"
O próximo avisa estava na porta de um quiosque da plataforma do trem. A mensagem diz que o quiosque não está mais em funcionamento e que permanecerá fechado durante um tempo. No final do texto, o conselho MJ diz que o cliente pode usar o quisoque mais próximo!

Os dois últimos são de obra. Em vermelho, "Desculpe-nos pelo transtorno". O resto da placa diz "Estamos trabalhando cuidando da segurança e dos ruídos. Pedimos enquanto isso a colaboração de todos"

Esta outra placa tem conteúdo semelhante. Em vermelho a mensagem "Segurança em primeiro lugar" aparece em quase todas as placas de obras. Mas vou confessar que o que eu mais gosto dessa placa é do tiozinho de obra com tremilique (risos).

A palavra de hoje é "costume". Em japonês, 習慣 (shuukan).

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Feijão do Japão

Lembro que sempre que eu comentava no Brasil que aqui no Japão tem doce de feijão, a reação da maioria era a mesma. Torciam o nariz e diziam: "argh! feijão doce!". Mesmo antes de vir ao Japão eu já tinha ouvido falar sobre o feijão azuki que era feito para fazer o polêmico doce de feijão.
Mas foi depois de morar aqui foi que eu descobri o quanto os japoneses adoram feijão azuki. Tem azuki aqui de tudo que é jeito. Se você é da turma dos argh-feijão-doce-nem-pagando, espere para ver quanta coisa que a gente encontra por aqui feita com feijão!
Antes disso, gostaria de reforçar que apesar dos japoneses comerem feijão azuki com arroz, a maneira de servir a "dupla" é bem diferente daquela que nós brasileiros estamos acostumados a ver. É comum ver azuki no prato que eles chamam de sekihan (赤飯=せきはん). Como mostra a foto abaixo, o sekihan é um arroz avermelhado com grãos de feijão azuki um aqui outro ali. O nome sekihan já diz tudo: seki(赤) é "vermelho" e han (飯), "arroz".
Diga-se de passagem, em japonês há a palavra 小豆色(azuki iro), para descrever um tom de vermelho próximo a cor do grão de azuki.
um quimono
um par de meias
um tecido
Vejamos algumas coisas que, aos olhos dos brasileiros, pode não combinar bem com feijão, mas os japoneses ficam loucos com essas novidades.
caramelo com feijão azuki
palitinhos com feijão azuki
sorvete Haagen-Danz de feijão azuki
frapuccino de feijão azuki
chá de feijão azuki
chocolate Kit Kat com feijão azuki
torradinhas cobertas com feijão azuki
sorvete de chá verde com feijão azuki
pudim de feijão azuki
mousse de feijão azuki
raspadinha com feijão azuki
sopa com feijão azuki
bolo com feijão azuki
picolé de feijão azuki
Boa parte destes produtos foram "lançamentos por tempo limitado" que, aliás, é nossa a palavra em japonês de hoje. Preste bem atenção antes de comemorar o lançamento de um produto, pois ele pode estar com os dias contados se estiver escrita em algum canto da embalagem a palavra 期間限定(きかんげんてい).