segunda-feira, 28 de maio de 2007

Você (não) está sendo filmado (?!)

Sempre penso “Muito Japão!” quando me deparo com algo ao relento, literalmente, dando mole, mas ainda ali, no lugar, intacto. Foi assim com os jornais e com as bicicletas paradas perto de uma estação aqui perto de casa. Tudo bem. É bem verdade que aqui no Japão, se você der mole, levam sua bicicleta sim. Mas hoje mesmo eu passei perto da estação e tinha um monte delas sem cadeado, sem tranca...nada! Aliás, dia desses passei por uma floricultura (foto) e parei para ver o que tinha. Fiquei uns 10 minutos olhando as flores e ninguém apareceu. Resolvi comprar um buquê, mas aí pensei: pagar para quem? Nessa altura, eu já estava ali com as flores nos baldes com as plaquinhas de preços durante uns 15 minutos e nenhuma alma apareceu. Pensando como brasileiro, imaginei logo que tivesse alguma câmera escondida, para que no momento em que eu fizesse menção em tocar em algum buquê, alguém fosse aparecer. Eu peguei um e fingi estar escolhendo outro. Minha idéia falhou. Ninguém apareceu. Depois decidi pensar como japonês e comecei a procurar alguma caixinha onde eu pudesse depositar o dinheiro e ir embora tranquilamente. Mas...nada. Nem caixinha, nem atendente. Minha próxima tática foi bancar aqueles convidados de jantar chique que não sabe se começam a pegar os talheres de fora para dentro ou de dentro para fora, e ficam só olhando. Foi o que eu fiz. Parei para olhar. Deu certo! Uma japonesa chegou toda decidida. Pegou um buquê e se foi!! Se foi?!??! É de graça?!?! Mas e os preços?? Se é de graça por que tem tantas flores lá ainda?? Confesso que pensei nisso tudo em dois segundos até decidir seguir a moça. Pronto. Mistério desvendado. Eu sou um gringo muito burro e moro em um país onde há ainda muita gente honesta. Onde eu estava era simplesmente a parte lateral da floricultura. O sistema é pegar o buquê e pagar no caixa, lá dentro da loja, para a atendente que fica atrás de um balcão. E as flores? Elas ficam lá...sozinhas...ao relento....sem tranca (rs)...nada!

domingo, 27 de maio de 2007

Guaraná & Açaí

Sou da geração em que as meninas da escola tinham a vida na agenda. Era tanta coisa que elas colocavam, que muitas vezes o troço nem fechava direito. Era papel de bala, figurinha de chiclete, ingresso de show, bilhetinhos, foto disso, daquilo, daquilo outro e mais não sei o que lá... Isso sem falar nas várias páginas com marcas de batom. As mais radicais chegavam a colar com durex um chumaço do cabelo que tinham cortado. E ainda tinham todo o cuidado de colar no dia em que realmente passaram a tesoura nas madeixas. Achava o fim da picada, mas penso que agora, anos depois, quem guardou uma agenda dessas, deve ter altas recordações daquela época e deve se deliciar. Sim, mas...o que isso tem a ver com o Japão?! Na verdade, nada. Apenas lembrei dessas meninas quando tive a idéia de publicar no blog a foto da embalagem de um chiclete de guaraná que comprei dia desses em uma loja de conveniência daqui. “Estarei bancando uma daquelas meninas, agora, na versão on line”, pensei. Mas ao mesmo tempo achei que seria interessante para mostrar a cara de um produto que tem a ver com o Brasil e com o Japão. O gosto de guaraná passou longe, mas o chiclete não é ruim não. Bom, mas no fim, eu acabei desistindo. Quando voltei na mesma loja, em um outro dia, para comprar um café com leite, um outro produto me chamou a atenção. Drops para marombeiros!!!...de açaí!! Como se não bastasse, era misturado com manga (Queria o que ?! Que fosse com granola?!). Aí não resisti. Dedici publicar a foto. PS. Não liguem para os acentos. Os japoneses parecem não se importar muito com eles. Além do chiclete de “guarana”, aqui também vende“açai”para beber (à direita).

domingo, 20 de maio de 2007

Camisinha para os dedos ?!

Dia destes estava eu, tranquilo no trabalho, quando uma colega brasileira chegou da rua impressionada, dizendo que ela tinha visto “camisinha para os dedos”. Confesso que só não ri tanto porque, primeiro, ela já não era a primeira brasileira a se espantar com o produto e, segundo, porque dependendo da marca, realmente parece. Não lembro de ter visto nada parecido no Brasil. Acho que não há. Mas a idéia, achei brilhante. Para acabar logo com o mistério, explico. Trata-se de um artigo de papelaria chamado em japonês de yubisakku (指サック). É muito utilizado em escritórios, bancos, correios e todo serviço que mexe com papéis. Serve para proteger o dedo de levar umas boas lambidas na ponta na hora de folhear algo e não pegar duas folhas juntas. Se já não é lá uma coisa muito higiênica com papel alheio, que dirá iniciar uma contagem de notas de dinheiro com uma lambidela no dedo, como muita gente costuma fazer. Com o yubisakku no dedo, você mantém a higiene e pode deixar para lamber ou chupar o dedo para outras ocasiões... ...Quando tocar em algo quente por exemplo. Mas para não dizerem que é só eu ou só brasileiro que só pensa “naquilo”, fui tirar a prova real no dicionário. E, pasme, lá estava: 〔指/yubi〕dedo〔サック/sakku〕camisinha !!!! (os pontos de exclamação são por minha conta) 

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Ranking Japan II – a missão

お待たせしました (omatase shimashita – os japoneses adoram esta expressão, que seria algo como “Desculpe tê-lo feito esperar”) Aí vai o resultado da pesquisa feita pelo Ranking Japan e que mostra que atitudes dos homens fazem Eles perderem mil pontos com Elas. 1. Mostrar-se todo poderoso na hora de falar com o garçom 2. Cobrar 10 ienes da parte dela na hora de dividir a conta 3. Fazer um escarcéu quando aparecer um mosquito ou uma barata 4. Palitar os dentes depois da refeição 5. Encher a mesa de trabalho com miniaturas e bonequinhos 6. Vestir camisa estampada por debaixo da camisa social 7. Ser ruim para estacionar carro 8. Se vestir bem no trabalho, mas nos dias de folga estar um maltrapilho 9. Ficar concentrado no joguinho do celular no trem 10. Passar no rosto a toalha quente, que é dada nos restaurantes para limpar as mãos 11. Mostrar falta de habilidade com fios de aparelhos de som e computadores 12. Ter a carteira abarrotada de notinhas e papéis inúteis 13. Ajeitar o cabelo fazendo o vidro da porta no metrô de espelho 14. Estar com a roupa impecável, mas de meia branca e com uma linha 15. Encher de carinhas e figuras o torpedo do celular 16. Escrever no quadro de avisos (da empresa) com letra feia 17. Digitar rápido demais e fazendo barulho 18. Fazer coleção de tíquetes e cartões de desconto 19. Beber coquetel doce como as mulheres É aí?! Sem chance com elas? Ainda está em tempo de mudar! (risos). Que nada! Tem sempre um chinelo velho para um pé descalço (leia-se: tem gosto para tudo!). Seja você mesmo e boa sorte! Quem quiser ver mais rankings, acesse http://www.rankingjapan.com/. O site está em japonês claro.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Ranking Japan

  • Li uma reportagem sobre sites com rankings do Japão. São vários sites bem interessantes e alguns trazem até informações de nível de satisfação dos clientes e também ranking de vendas de alguns produtos. Os temas dos rankings são os mais variados possíveis (e impossíveis!). Tem desde top ten de DVD até personagem de desenho que você gostaria de ter como amigo. No momento o DVD mais cotado é o“O Diabo Veste Prada”(プラダを着た悪魔) e o personagem do topo da lista é o“Doraemon”(ドラえもん). Tem lista de empresas com funcionárias bonitas (1. Shiseido 資生堂, 2. JAL 日本航空 e 3. ANA 全日本航空), lista de sobrenomes mais comuns do Japão (1.Sato 佐藤, 2.Suzuki 鈴木 e 3.Takahashi 高橋). Diga-se de passagem, “Tanaka 田中” aparece em quarto lugar! E 中田 é outro sobrenome, Nakata – que não está entre os 10+ - etc. Uma das pesquisas mostra que atitudes masculinas mexem com a cabeça das japonesas. Para você que está à procura de uma gata japonesa, aí vão algumas dicas! (Fonte: Ranking Japan) Para as moças, igualmente à procura do seu Deus greco-nipônico, vou ficar devendo, mas vale a pena ver o que as japonesas prezam em um homem. 1. Segurar a porta do elevador 2. Dar ré com o carro com uma mão ao volante e outra no banco do carona 3. Afrouxar a gravata e dobrar as mangas da camisa quando for fazer hora extra 4. Vestir quimono de algodão no hotel ou festivais de verão 5. Escrever no quadro de avisos com letra bonita 6. Entender de computador (principalmente conexão da internet e set up de emails) 7. Oferecer alguma coisa doce na hora certa bem no ápice do cansaço durante as horas extras 8. Usar o computador falando ao telefone com o gancho preso entre o ombro e o rosto 9. Saber comer peixe assado direito (deixar somente os ossos) 10. Chamar o garçom em voz alta quando o restaurante estiver com muito barulho 11. Tirar os óculos e apertar com os dedos o canto dos olhos e dar um suspiro 12. Vestir o terno girando o paletó com habilidade 13. Perguntar ao garçom porque o pedido ainda não chegou 14. Ter na mesa um monte de CD de música ocidental 15. Saber digitar sem olhar para o teclado 16. Pegar salada com uma só mão manuseando bem a colher e o garfo 17. Carregar o paletó no ombro com apenas dois dedos segurando a gola 18. Ter na mesa vários livros sobre o trabalho que exerce 19. Beber de uma só vez o café em lata que acabou de comprar na máquina 20. Abrir a tampa da panela sem usar pano nem nada No próximo post, mostrarei o que as japonesas detestam que os homens façam. Aguarde!

sábado, 5 de maio de 2007

O Brasil na pauta

Adoro ver coisas do Brasil em revistas japonesas. Principalmente, claro, se forem coisas positivas. A revista japonesa L25 – versão feminina da R25 (ambas gratuitas e semanais) – traz na edição desta semana, uma matéria do gênero. Aliás, uma só não, traz, na verdade, duas matérias.
Uma delas é praticamente uma nota pequena, mas que menciona as redes brasileiras. Não as“de tráfico” ou “de corrupção”, mas aquelas de se ter na varanda, para deitar e ficar balançando, relaxado, só ouvindo o barulho, em ritmo de tic tac, da corda roçando no gancho da parede... até cochilar.
Voltando à revista, a matéria, quase que um manual de instrução de como utilizar uma rede, fala que em muitas redes do Brasil é utilizado algodão 100% orgânico e são muito macias. Também fala que há uma variação grande de cores e é ótimo para mulheres que não gostam que vejam como ela costuma dormir.
O texto começa assim: “Você já deitou em uma rede? Como material para lazer muita gente já utilizou, mas agora a rede parece estar caindo no gosto dos decoradores”. Segundo a notinha, há redes nos tamanhos de pequeno a extra-grande. Outro trecho diz: “Quando se está deitado em uma, tem-se a sensação de estar flutuando, mas ao mesmo tempo uma sensação de segurança e do corpo estar todo envolto. Com isso é possível relaxar o corpo e a mente. A sensação é tão boa que, sem sentir, acaba-se pegando no sono”. A rede do Brasil está sendo vendida aqui no Japão por cerca de ¥6.800 (cerca de R$115).
A outra matéria trata do Brazilian Bikini (Biquíni Brasileiro). Em uma página inteira, uma brasileira teve a chance de sair em uma revista bancando a modelo. Na outra página, ao lado das fotos de vários biquínis do Brasil, o texto apresenta o produto como a tendência do verão que vai chegar aqui no Japão. Segundo a matéria, o corte dos biquínis brasileiros é ousado mas ao mesmo tempo é sexy e elegante e são feitos não para se esconder, mas para se mostrar charmosa. O melhor da matéria ficou para o comentário da repórter ao ver o biquíni do Brasil pela primeira vez. “Pouco pano né? Parece que os seios e o bumbum vão pular para fora!”O preço é bem mais salgado do que o das redes. Variam entre ¥15.000 e ¥22.000 ( cerca de R$250 e R$370).

quinta-feira, 3 de maio de 2007

O Japão é um país seguro?

Os mais pessimistas perguntariam: “Você não acompanha os noticiários?”,“Não soube do caso da professora de inglês que um japonês matou?”,“Não ficou sabendo que o prefeito de Nagasaki morreu assassinado?”, “Não viu que um homem entrou no Banco UFJ e tomou uma funcionária como refém?” e por aí vai. Já os mais extremistas diriam: “Meu filho em que planeta você vive? Se até baleia morre aos montes neste país!”
Para mim, casos como estes não invalidam a resposta positiva à pergunta. O Japão é sim um país seguro. Penso nisso todas as vezes em que ando atrás de alguém na rua e a pessoa não olha para trás. Penso também, nas vezes em que vejo alguém com laptop aberto, tranquilão, em plena luz do dia, dentro do trem ou plugado ao telefone público. E olha que já vi mais de uma vez. Aqui também é comum algumas mulheres andarem com a bolsa tão abarrotada de coisas que a pobrezinha nem fecha direito e quem está perto vê tudo lá dentro: a garrafinha de chá, a carteira com fecho de pressão, a toalhinha de rosto quadrada, o celular e os penduricalhos, o porta-passe, o livro, o estojo de maquiagem etc. Em geral, estes elementos são fixos (risos).
O interessante deste tema “segurança” são as placas. Isso mesmo. Dias desses estava passando por Roppongi, quando me deparei com uma placa, em japonês claro, que dizia: “Cuidado com os ladrões”. Você imagina a tranquilidade que esta placa não transmite aos traseuntes! Talvez você me perguntaria: “E no Rio de Janeiro, onde seria colocada uma placa dessas? Uma em cada esquina?” .
Piadinhas à parte, este tipo de placa começou a chamar a minha atenção aqui no Japão. Algumas pela cor chamativa e outras pelo conteúdo nada apaziguador. No dia seguinte, já em outro lugar, vi uma placa semelhante, mas para minha surpresa, o crime em questão era outro.
Em japonês, “ひったくり (hittakuri)”, que eu traduziria como “mão grande”, é quando, por exemplo, alguém está andando de bicicleta e outra pessoa mete a “mão grande” na cesta da frente da bike e leva o que tem dentro. Ou quando alguém passa de moto rente a calçada e arranca na “mão grande” a bolsa de quem está andando. Muito comum em algumas áreas. Pelo menos é o que dizem as placas, pois já vi mais de uma.
Aliás, depois disso, passei a observar mais estas placas e percebi que o caso parece ser mais grave do que eu imaginava. Veja as placas que comentei e mais algumas.

Cuidado com os ladrões

Cuidado com a“mão grande”

“Malocar" mercadorias é crime
Cuidado ao deixar a casa vazia
Cuidado. Em horas de grande movimentação tenha cuidado com roubo de carteiras e objetos colocados próximos a você. Não tire os olhos de seus objetos valiosos e esteja preparado!

Sua carteira está sendo visada! Lamentamos muito, mas muita gente têm tido seus objetos levados. Mantenha os objetos de valor consigo e fique atento, Manboo (internet café)

Sinistro não é não? Bom, estas foram algumas que selecionei para este post. Se eu achar alguma nova advertência, eu comunico. Moral da história: Prefira pedir ajuda aos universitários.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Por que MUITO JAPÃO?

Seja bem-vindo (a). Quem me conhece bem, sabe que apesar de gostar muito de escrever, criar, inovar, nunca fui muito fã de blogs. Contar para terceiros sobre como estava o jantar que minha esposa preparou ontem, dizer a que horas escovei os dentes com uma pasta nova ou confessar que fiquei triste com a morte da irmã da filha da minha tia, tudo isso, sempre foi o fim para mim. Mas, porém, contudo, todavia e entretanto, resolvi me render. Vou (tentar!) escrever um blog. Não por ser uma questão de moda, muito menos pelo ¨todo mundo tem¨. O motivo é simples. Moro no Japão. Morar neste país é se surpreender todos os dias com grandes e pequenas coisas que vão muito além do Monte Fuji, das gueixas e do trem-bala. Morar aqui é ver e vivenciar costumes, pessoas e lugares, muitas vezes inimagináveis para um ocidental, principalmente. É aprender todo dia uma coisa. São algumas destas coisas que não gostaria de ser egoísta a ponto de não compartilhar com outras pessoas. Não é minha intenção catequisar ninguém. Quem gosta do Japão, ótimo. Quem não gosta, ótimo também. Ao menos tem uma opinião formada. Quero mostrar coisas que normalmente não seriam vistas em jornais ou guias de viagens. Coisas simples, mas muito interessantes. Uma placa diferente, uma roupa esdrúxula, uma comida e por aí vai... Para quem sabe japonês ou está aprendendo, quero mostrar palavras ou expressões interessantes dessa língua rica em tradição, mas ao mesmo tempo, em plena evolução. O nome do blog ¨MUITO JAPÃO¨ foi inspirado em uma expressão que usamos muito quando nos deparamos com coisas que a gente imagina que só vê aqui. A expressão pode ter conotação tanto negativa ou quanto positiva. Vejamos exemplos: No supermercado onde costumo ir, há em cada caixa, uns cartões em uma caixinha de acrílico, penduradas nas máquinas registradoras. Caso você queira participar da campanha para diminuir o consumo de sacolas plásticas em prol do meio ambiente, basta colocar um cartão deste na cesta de compras. Acontece que quando chegar a sua vez, você tem milésimos de segundo para pegar o cartão e colocar na cesta. É você colocar o cartão e a moça pegar. Pronto. Tudo isso para dizer que você não quer sacola de plástico porque você trouxe a sua. Tudo bem. A intenção da campanha é um exemplo a ser seguido, mas precisa criar um cartão só para isso?! Não seria mais fácil dizer diretamente à moça do caixa ¨Não obrigado, eu tenho bolsa¨. É ou não é MUITO JAPÃO? Outro bom exemplo de MUITO JAPÃO positivo é encontrar em um ponto de ônibus um porta-jornais e uma caixinha. Os jornais são do dia e a caixinha são para colocar o dinheiro da compra. Detalhe: ninguém por perto para vigiar (...e os jornais, todos lá)! Enfim, fique atento as atualizações - sabe-se lá de quanto em quanto tempo - e você saberá porque algumas coisas aqui são MUITO JAPÃO !